O que ninguém fala sobre o uso de vibradores
O intuito não é falar mal ou não recomendar o seu uso, mas te convidar a refletir, para que você use de fato a seu favor
Por Malu Paes Leme
Vim falar sobre o uso de vibradores frequente, todos os dias e todo momento, a sós e/ou no relacionamento. Enquanto sexóloga, por estudar com profissionais sérios e atualizados e, principalmente, por ter experienciado um início de dessensibilização progressiva do meu clitóris e receber diversas mensagens de seguidoras e alunas relatando o mesmo, que decidi falar sobre como uso vibradores pode ser prejudicial para a sua saúde sexual.
O intuito não é falar mal ou não recomendar o seu uso. Mas, sim, te convidar a refletir sobre o tema e incentivar o seu autoconhecimento, para que você use essas ferramentas externas de fato a seu favor.
Então se você nunca usou um vibrador ou mesmo se usa com frequência, esse artigo é para vocês. Quem preferir conferir a minha aula completa sobre o uso de vibradores, é só dar play:
E por falar em autoconhecimento, você pode fazer um mergulho no seu universo de sexualidade e prazer com o Mapa Sexual (amostra gratuita), uma análise da Astrologia sobre como você vive o sexo.
Para que serve um vibrador?
Antes de entrarmos na verdadeira reflexão, quero deixar claro: o vibrador tem o seu lugar para muitas mulheres, seja para explorarem e conhecerem o próprio corpo, seja para ajudar a chegarem ao orgasmo.
O vibrador pode ser um início de uma conexão consigo mesma. É uma ferramenta externa que pode contribuir para despertar de um certo anestesiamento e a sensibilidade na região do clitóris, que é o grande sensor de prazer da mulher.
Como o vibrador é potente, é óbvio que naturalmente ele vai ativar esse sensor rapidamente. Muitas mulheres me relatam que tiveram seu primeiro orgasmo com o vibrador, inclusive, porque não aprenderam a se tocar e se estimular e muito menos a se abrir verdadeiramente na relação afetiva.
Porém, esse uso sem autoconhecimento, com o passar do tempo, pode levar a armadilhas.
O que ninguém fala sobre o uso de vibradores
1. Vibrador pode dessensibilizar o clitóris
O vibrador pode, sim, dessensibilizar o clitóris, e é aí que mora o perigo: é uma dessensibilização progressiva.
Muitas mulheres vão experimentando o vibrador e, depois de um tempo, elas começam a sentir a necessidade de aumentar a potência. Com o passar dos dias, só a intensidade máxima leva ao orgasmo. Por isso, inclusive, muitas empresas têm lançado vibradores com cada vez mais potência.
Mas e depois, quando não tem nada mais potente, o que acontece? O seu clitóris pode acabar se dessensibilizando. E aí, talvez você não consiga mais se estimular somente com os dedos, ou sentir algum prazer ao ser tocada, ou ao receber sexo oral. Afinal, o vibrador tem uma potência e constância totalmente diferentes de um dedo ou uma língua. E o toque já não tem mais “graça”.
Fazendo uma comparação, é como o café: chega uma hora que, de tanto recorrer a esse estimulante externo, a cafeína já não faz mais efeito e você precisa sempre tomar mais xícaras e maior quantidade.
Se você quiser, saiba mais aqui sobre a masturbação feminina, benefícios e como fazer.
2. Vibrador pode estar sendo usado de forma errada
Ninguém fala muito sobre isso, mas existem formas corretas de usar o vibrador. Quando a gente não sabe se tocar, provavelmente também vai usar o vibrador (e até os dedos) incorretamente.
O certo é colocar a glande do clitóris para “fora”. No entanto, muitas mulheres e seus pares vão empurrando o clitóris cada vez mais para dentro e usando mais força do que o necessário. Com isso, ele não fica mais sensível. Por isso você precisa estimular nas laterais do clitóris, e não diretamente na glande. Veja o vídeo com o passo a passo do uso de vibrador aqui.
3. Vibrador (se mal usado) pode te desconectar de si mesma
Nós, mulheres, já estamos vivendo num mundo onde alimentamos muito mais a nossa energia masculina/Yang excessiva (entenda aqui), ficando muito ligada no mental, no fazer, fazer e fazer, sem pausas e sem conexão com nosso corpo e o que sentimos, e onde acabamos no fim do dia sobrecarregadas… Tudo isso vai nos desconectando de nós mesmas, do nosso próprio corpo, e consequentemente da nossa sexualidade.
Tudo isso torna cada vez mais difícil a gente se excitar, estimular o próprio corpo e nos conectar com nosso próprio prazer, pois para isso precisamos diminuir o ritmo acelerado, sentir, respirar…
E aí que vem o desafio e o padrão que muitas mulheres têm comprado nessa propaganda do uso dos vibradores: “Preciso relaxar de tanta sobrecarga, então, deixa eu pegar logo meu vibrador para chegar lá rapidinho e relaxar”.
Mas quando a gente recorre a essa ferramenta externa com muita frequência, vai acostumando o corpo a esse estímulo fake e fast pleasure (prazer rápido, em inglês). Mas com o tempo, vamos anestesiando ainda mais nosso corpo, nosso sentir e vai ficando cada vez mais difícil nos conectarmos e termos prazer de forma sutil.
4. Vibrador não pode ser sinônimo de orgasmo fast food
A gente precisa entender que antes de alcançar o clímax, com ou sem vibrador, é preciso estimular o nosso corpo todo que tem áreas erógenas para criar uma conexão maior e dar o tempo necessário para que nos excitemos.
O vibrador não pode ser sinônimo de orgasmo rapidinho. Não deve ser usado a todo momento, pois esse movimento esconde uma falta de autocuidado com as suas necessidades mais básicas que não estão sendo atendidas, como falamos acima. Isso não é saudável e nem sustentável.
5. Vibrador não substitui a outra pessoa
Quero propor uma reflexão: Você consegue perceber que os brinquedos eróticos cada vez são feitos para a gente não precisar de outra pessoa, não demandar muito o nosso tempo, manter a gente no controle e sem precisar se entregar realmente?
Mas a entrega é a coisa mais importante e fundamental do sexo. A troca é nossa capacidade de sair total e completamente do nosso controle e se entregar para a troca com o outro. Se permitir verdadeiramente relaxar e sentir prazer.
Vibrador nenhum substitui o sexo com outra pessoa. Vibrador pode ser utilizado a seu favor, sim, como ferramenta de autoconhecimento e como novidade, mas ocasionalmente. E com o par quando sentirem necessidade de experimentar sensações diferentes. Mas o vibrador não pode ser a regra para chegar ao orgasmo. E, sim, a exceção.
Malu Paes Leme é Analista Corporal, Mentora, formada em Terapia Menstrual e Sexóloga. Realiza atendimentos online e individuais, e oferece mentoria em seus cursos e Jornadas no autoconhecimento do corpo feminino que é cíclico e orgástico, e que empoderam mulheres para viver com mais autoconfiança, autonomia e poder pessoal.
Saiba mais sobre mim- Contato: malupaesleme@gmail.com
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