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As profundas transformações de Plutão retrógrado

Plutão retrógrado é um período de profundo questionamento e revisão interna, encorajando-nos a soltar o passado e abraçar a transformação

Atualizado em

Plutão é o grande senhor do mundo subterrâneo, intraterreno da mitologia grega, o representante astrológico das profundas transformações, aquele que desvela situações ocultas e comportamentos, aquele que elimina para regenerar.

O fenômeno da retrogradação é algo bastante comum: uma vez ao ano, por quase seis meses, Plutão estará retrógrado. Isso indica que muita gente tem Plutão retrógrado em seu Mapa.

De acordo com alguns astrólogos, Plutão retrógrado será melhor percebido se em oposição ao Sol, ou se for o protagonista de alguma configuração astrológica importante. Caso contrário, seus significados estão bem diluídos em outros contextos mais pessoais.

Este astro é um dos planetas transpessoais, representando mudanças na forma de cada um viver, provocando fins, encerramentos, destruição e reconstrução, renascimento e cura de algum tema, geralmente se aponta pela casa onde está e pela casa que rege (onde está o signo de Escorpião no Mapa).

Plutão é sempre relacionado à palavra TRANSFORMAÇÃO, assim como metamorfose. Palavras até bonitas e fáceis, mas que verdadeiramente representam processos muito profundos, intensos e doloridos, em certo ponto, em todos nós.

Plutão nos marca com seus ritos de passagem e devemos elaborar que não se vai à nova vida, a uma nova situação carregando tudo que adquirimos das experiências anteriores. Uma das finalidades plutonianas é o desapego; logo, o ter e o adquirir não fazem sentido a ele. Expurgar, extirpar, eliminar e limpar, sim!

Plutão está Plutão em Aquário, onde fica até o ano 2043 liderando profundas transformações.

Particularmente, vejo todo o sentido em que este astro se desloque lentamente porque quando se pensa em mudanças, profundas transformações e em descobertas, estamos tratando de algo que não pode ser superficial, da boca para fora e nem simples.

Os significados do planeta Plutão

Plutão (que em grego quer dizer “o rico”) representa:

  • o que é legítimo na sua essência,
  • o que está por trás da máscara,
  • a riqueza
  • o valor potencial de cada um

Plutão é o poder, assim como a ânsia pelo poder e o preço que pagamos por este.

É o que nos controla pelo desejo, dando a impressão de que estamos controlando o objeto desejado, mas na verdade é o desejo que nos amarra e não nos deixa evoluir, tornando-se um ponto de obsessão e apego.

Suas lições vêm por meio de perdas e de passagens pelo “inferno” (como o mundo dos mortos era conhecido na mitologia). Ali temos de abandonar a casca, a aparência e só resta o essencial, o valor real bem como o profundo. É, portanto, a semente que morre debaixo da terra para o novo fruto nascer.

Plutão e o confronto com o mito de Sísifo

O apego restringe e limita o nosso foco e ficamos em cima de uma massa falida, de algo que já teve seu término, mas que não acabou e nem teve seu ponto final bem trabalhado.

Há um mito grego que explica bem a nossa indignada e astuta resistência: Sísifo.

Conhecido como o mais astuto dos mortais, as versões para o mito mostram as estratégias que essa personagem encontrou para driblar a vontade dos Deuses e, assim, manipulá-los a seu favor.

Numa versão, Sísifo engana Apolo, que lhe ensina como derrotar seu maior inimigo (obsessão de Sísifo contra seu irmão), sendo que os crimes familiares são severamente punidos pelas Erínias, potências responsáveis por esse assunto a fim de reestabelecer a ordem quebrada pelo crime cometido.

Ao descobrir que foi usado por Sísifo, Apolo (o Sol astrológico, a consciência) envia Sísifo a um castigo eterno no mundo dos mortos. Em outra versão diz que ele dominou o deus da morte, Tânatos, e o prendeu numa coleira.

Com isso, Tânatos não conseguia mais cumprir sua função, que é a de pôr um fim em tudo, fechar ciclos e as situações ficavam sem um encerramento. Nesta versão é o próprio Hades que liberta Tânatos e impõe uma punição a Sísifo.

Por toda a eternidade, Sísifo teria de carregar uma pedra para o alto de uma montanha. Ao chegar ao topo, a pedra rolaria para baixo e Sísifo começaria sua tarefa novamente. Para sempre. Todos os dias. Sem fim.

Os significados do mito de Sísifo

O mito de Sísifo pode indicar alguma tarefa, hábito, obsessão ou comportamento aprisionador, vicioso ou autodestrutivo que temos. Pode ser:

  • ansiedade
  • depressão
  • controle
  • transtorno obsessivo-compulsivo (TOC)
  • insônia
  • compulsão
  • reação nervosa (aspecto fisiológico)
  • um apego emocional
  • alguma história na qual não conseguimos dar um desfecho

Os prejuízos podem ser físicos, tais como doenças, ou emocionais. Quando Plutão volta para trás em seu trânsito, fazendo aspectos difíceis tais como oposições ou quadraturas, ele pode deixar claro o nosso lado “Sísifo” e, portanto, nos evocar perguntas como:

  • Qual pedra ou peso carregamos?
  • Por que não largamos simplesmente o que nos massacra e buscamos uma nova vida?

Quando Plutão retrograda em um ponto crítico de um Mapa, ele tende a revelar conflitos e tensões que, muitas vezes, podemos solucionar ao desistir daquele assunto.

Abdicar, entregar, abandonar, sem olhar para trás. Viver e elaborar um luto e assim estar preparado, diferentemente do nosso personagem mítico, para um novo ciclo.

Deste modo, conseguimos cumprir com a função que tem Plutão nos nossos mapas, integrando sua face mais sombria e, consequentemente, também descobrindo uma nova riqueza pessoal, um valor real, um poder autêntico, aptos a novos horizontes, livres e plenos de paz.

As profundas transformações da retrogradação

Um planeta é considerado retrógrado quando aparentemente retorna graus no Zodíaco, ou simplesmente “anda para trás”.

Fato é que nenhum planeta anda para trás, pois a retrogradação é uma ilusão de ótica do ponto de vista do olhador da Terra. Na nossa perspectiva, quando vemos o Sol e algum outro astro próximo até certo limite, certamente esse astro não estará retrógrado (com exceção de

Mercúrio e Vênus que, por estarem em órbitas entre o Sol e a Terra, nunca estão longe do astro-rei e, contudo, podem ficar retrógrados igualmente).

Quando então, no seu passo astrológico médio de um grau por dia, o Sol se distancia um determinado número de graus de um planeta, o astro começa a retrogradar, até o Sol voltar a se aproximar novamente.

Astronomicamente a Terra estará entre o Sol e o outro planeta, o que produz o efeito da ultrapassagem entre dois corpos em movimento: a Terra continua seu passo constante e o outro astro parece ficar para trás e, por isso, dá a impressão que está retornando no Zodíaco.

Simbolicamente, quando retrógrados os astros podem ser vistos como mais distantes do Sol (símbolo da consciência) e mais próximos da Terra (instintivos).

Facilmente apontamos que períodos de retrogradação indicam a revisão do assunto simbolizado por aquele planeta e outras situações indicando repetição: repensar, rever, reconsiderar, refazer, ressentir, reestruturar, remanejar, reconectar, reaprender e outros verbos com o prefixo “re-“.

Ou seja, é isso que Plutão retrógrado significa: profundas transformações a partir de revisões.

Ao retornar pelos graus, simbolicamente o astro retoma assuntos pendentes e repassa alguns assuntos vividos anteriormente e, daí vem a conexão que pode ser feita pela Astrologia Cármica entre astros retrógrados e revisões necessárias em seus assuntos.

Revisar ou ir em frente?

Prefiro abordar que o astro retrógrado está “andando na direção que quer” e não na direção aonde a maioria vai. Como remar contra a maré, causa mais esforço, a evolução é mais lenta e o desenvolvimento dos assuntos da casa ocupada pelo astro também,

Porém, o movimento retrógrado pode funcionar de forma própria, original e criativa, quando trazido à consciência.

Também é importante ressaltar que um mapa representa o céu de um determinado momento e que, obviamente, continua a se movimentar.

O mapa astral natal é uma fotografia, um momento destacado no tempo, mas carrega em si todos os movimentos dos astros, representados pelas Progressões Secundárias, que dão a evolução e o desenvolvimento dos mapas.

Isto quer dizer que podemos ter nascido com um astro retrógrado e ao longo da vida, nas Progressões Secundárias, ele mudar de direção, marcando uma nova perspectiva e funcionamento do astro no seu mapa.

Leonardo Lemos

Leonardo Lemos

Astrólogo formado em Santos-SP. Ex-presidente da Central Nacional de Astrologia (CNA) e atualmente professor da Escola Regulus de São Paulo. Há 28 anos traduz os símbolos do céu através da Astrologia.

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