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O que são PANC – Plantas Alimentícias Não Convencionais?

Resistentes ao clima e nutritivas, são símbolo de cultura gastronômica local há gerações

Atualizado em

A expressão PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) foi criada pelo biólogo Valdely Kinupp, autor do livro Plantas Alimentícias Não Convencionais do Brasil (Editora Plantarum), que contém 350 espécies, de vários biomas, em fotos e receitas da cultura brasileira.

Faz pouco mais de uma década que estas plantas, desde raízes e sementes até frutas e flores –  estão em evidência, apesar de muito presentes nas nossas culturas de duas, três gerações para trás. 

As PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais)  são alimentos mais resistentes aos transtornos climáticos e por isso tão importantes ao nosso reconhecimento, consumo e valorização. São “todas as plantas que poderíamos consumir, mas não consumimos”. Imagine todas as plantas comestíveis que existem. Uma pequena parcela delas nós conhecemos, produzimos e comemos no dia a dia, sendo chamadas de plantas alimentícias convencionais. As que não conhecemos, não produzimos ou consumimos pouco são denominadas PANC.

Locavorismo – busca pelo alimento espontâneo e local

Na figura abaixo é possível conferir como a agricultura convencional tornou nossa alimentação monótona e pouco funcional, enquanto a grande biodiversidade de opções mais naturais, espontâneas de cada bioma, foi sendo descontinuada, muitas vezes desqualificadas como ervas daninhas, inço ou mato.

Foto: Alessandra Contrucci (Personare)

Mas este retorno, esta busca pelo alimento espontâneo e local (locavorismo), na qual  as distâncias do abastecimento são 100% encurtadas, atende a requisitos como a sustentabilidade e a valorização (e o consumo) de tudo o que a natureza lhe oferece em sua cidade ou país evitando os importados, destituídos de força vital.

Conhecer suas propriedades para poder utilizá-los da melhor forma, nos lembra economia, saúde nutricional e consumo responsável em ação.

Muitas plantas estão esquecidas e já não são mais vistas como alimento. Voltar a consumi-las é uma forma de evitar que desapareçam do nosso cotidiano, ajudando a valorizar culturas alimentares nas quais essas plantas estão presentes. Contribui ainda para aprendermos com os agricultores e todos aqueles que trazem essa sabedoria antiga  e da roça, como muitos de nossos pais e avós que as utilizavam, impedindo que esse conhecimento se perca.

PANC e a cultura gastronômica local

O termo PANC depende, contudo, da pessoa com quem você dialoga e se essa planta é ou não convencional para ela. Plantas amazônicas, por exemplo, serão não convencionais para um paulistano e convencionais para um morador de Belém ou Manaus. Tanto assim que, em outro exemplo, a ora-pro-nobis é bastante famosa na região de Sabará (Minas Gerais), onde não é considerada uma PANC, mas será assim para moradores do nordeste.

Fatores como a região em que moramos podem dizer se uma planta é PANC ou não.

Outros bons exemplos de PANC: bertalha coração, dente de leão, picão branco e amarelo, tanchagem, trapoeraba, poejo, hortelã pimenta, peixinho e beldroega. Frutas: pitanga, uvaia, amora, cereja do mato, tamarindo e siriguela.

Aconselho as pessoas que aderem à uma alimentação mais baseada em plantas e natural, a sempre buscarem informações, com leituras e estudo desse fascinante tema. E lembrem-se:  quanto menor a distância da horta ao estômago, melhor o resultado terapêutico.

Recomendo a leitura de outro livro de minha autoria, “E se não houver alimento?” (Editora Irdin), além das várias Cartilhas sobre PANC que você pode acessar clicando aqui.

Conceição Trucom

Conceição Trucom

Bacharel em Química, cientista, palestrante e escritora sobre temas voltados para a alimentação natural, qualidade de vida e bem-estar.

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