Pesquisar
Loading...

O que são e para que servem as emoções?

Entenda o funcionamento das emoções e aprenda a lidar melhor com suas reações e o que você sente

Atualizado em

“Seja mais racional! Se afaste das emoções na hora de tomar uma decisão.” Quem já ouviu esse conselho? Nossa cultura nos ensina que emoções não são confiáveis. A internet está cheia de dicas para “não demonstrar emoções”, se tornar “menos emocional”.

Aprendemos que as emoções nem sequer são reais; são algo etéreo, imaterial, em contraste com o nosso corpo e as coisas materiais, reais. Nesse artigo eu vou te mostrar por que estas ideias são todas parte de um grande equívoco!

Erro 1: achar que emoções são algo imaterial

Muito pelo contrário! Emoções são reações corporais causadas por hormônios e neurotransmissores, liberados por nosso cérebro quando encontra determinados estímulos.

Esses hormônios e neurotransmissores mudam o estado de relaxamento ou contração dos nossos músculos, nossa pressão sanguínea, aumentam ou diminuem nosso estado de alerta, nossos batimentos cardíacos e nossa frequência respiratória.

Em resumo, emoções são “produtos químicos” na nossa corrente sanguínea, alterando nosso funcionamento corporal e cerebral. O que poderia ser mais físico e concreto do que isso?

Entender isso é importante para perceber que, uma vez que uma emoção se instale, não é mais possível se livrar dela. Se já houve despejo de adrenalina, não tem como não sentir medo; se já houve despejo de dopamina, não tem como não sentir satisfação.

Desse ponto para frente, só nos resta escolher como reagir, mas a emoção já está lá, correndo nas suas veias.

Erro 2: achar que emoções são algo não-confiável

 Você já se perguntou por que sentimos emoções? Milhares de anos de seleção natural preservaram as emoções nos nossos corpos porque elas aumentam nossas chances de sobrevivência! Elas têm duas funções:

  1. São os radares que o nosso corpo usa para identificar rapidamente o tipo de situação em que estamos e como devemos reagir.
  2. Ao alterar as condições do nosso corpo, elas aumentam nossa capacidade de reagir de maneira mais efetiva.

Medo diante de um predador ou de outro grande perigo nos ajuda a ter energia para fugir ou rapidamente se esconder, mesmo que cansado ou indisposto. Satisfação quando encontramos uma fonte de água depois de um período de sede nos ajuda a memorizar o local e ter vontade de retornar a ele.

Por milhares e milhares de anos, as emoções nos ajudaram a entender o que estava acontecendo, e nos motivar a fazer o que era necessário para permanecer vivo. Elas ainda cumprem esse papel hoje em dia.

Ainda hoje, o medo nos motiva a agir com mais cuidado. A tristeza nos motiva a refletir sobre o que perdemos e nos ajustar a uma realidade mudada. A raiva nos ajuda a perceber injustiças que são cometidas contra nós. A satisfação nos conta o que nos faz bem, a tranquilidade, o que nos protege.

Continuamos podendo contar com as emoções para nos ajudar a interpretar situações, e encontrar motivação para agir da maneira adequada, desde que a gente saiba evitar o erro número três.

Escrever sobre seus sentimentos pode ajudar a lidar com as emoções. Quer saber como? Leia este artigo.

Erro 3: não saber interpretar as mensagens do nosso “radar emocional”

Nossas emoções ainda funcionam tão bem quanto funionavam na época em que o ser humano vivia na floresta. O problema é que o mundo mudou muito daquela época para cá!

Nossas emoções são um sensor fantástico, mas não estão reguladas para o mundo moderno. Nem sempre é adequado reagir hoje em dia da maneira como a natureza nos programou para reagir na floresta.

Por este motivo  é preciso fazer ajustes na maneira como interpretamos as mensagens do nosso radar emocional e “reprogramar” a resposta comportamental dada para cada estímulo emocional.

Saber que você está com raiva no meio de uma reunião pode ser ótimo para perceber rapidamente quando seu chefe está sendo injusto com você; mas dar um soco pode não ser eficiente para fazer seu chefe reconsiderar.

O desenvolvimento de estratégias adequadas para reagir às emoções faz parte do amadurecimento emocional, e tende a ser um importante preditor de sucesso na vida profissional e pessoal. Para quem tem dificuldades, a psicoterapia oferece diversas ferramentas para acelerar esse desenvolvimento.

O importante a lembrar é que emoções são um elemento útil da realidade, e devem ser levadas em consideração nas nossas tomadas de decisão. Esse radar ainda é espantosamente rápido e incrivelmente preciso.

Saber o que você está sentindo e, a partir disso, escolher como reagir é meio caminho andado para uma vida bem-sucedida.

Tatiana Perecin

Tatiana Perecin

Psicóloga pela UFSCar, especialista em Psicologia Clínica / Análise do Comportamento. Trabalha com terapias contextuais, que são referência na intervenção psicológica baseada em evidências científicas de eficácia. Tem mais de 10 anos de atuação em consultório, atendendo adultos em casais em sofrimento emocional, e também casos severos.

Saiba mais sobre mim