O que é monogamia: saiba mais sobre o modelo de relacionamento
Entenda o que é monogamia e como esse tipo de relação funciona na nossa sociedade
Muito tem se falado sobre os tipos de relações, embora a mais comum seja a escolha por ter apenas um parceiro ou parceira. Mas afinal, o que é monogamia? E você já se perguntou se a sua escolha é a monogamia?
Nunca ouvi alguém falar que estava saindo com uma pessoa e num determinado momento escolheu ser monogâmico. Porém, já ouvi falar que a relação era monogâmica e num determinado momento, resolveram abrir o relacionamento, deixando assim o outro livre para viver novas experiências.
Geralmente, quando as pessoas começam a se relacionarem, quase que automaticamente é assumido uma suposta monogamia. Mas o que é monogamia e por que é importante a gente refletir a respeito? Continue a leitura para saber mais!
Você sabe o que é monogamia?
A monogamia é um tipo de relacionamento onde se opta por se relacionar com apenas uma pessoa. É o tradicional e mais conhecido como a relação fechada. Acredita-se que a pessoa é monogâmica quando ela tem, apenas, um parceiro amoroso/sexual de cada vez, pode ser durante toda a vida ou durante um período.
E você, lembra quando você fez esta escolha? Ou quando seu/sua parceiro(a) te perguntou se você era monogâmico? Ou, ainda, se você tinha interesse de ter uma relação monogâmica?
Se a resposta for sim, saiba que você é exceção, porque a grande maioria esmagadora toma a monogamia como a forma “correta” de se relacionar. Inclusive, alguns países encaram a monogamia como única forma de construir uma família e, em outros países, esse tipo de relacionamento é direcionado apenas às mulheres, sendo que ao homem é permitido ter mais de uma esposa, seguindo as regras do país.
Muito comum, ainda, principalmente nas sociedades ditas monogâmicas é a chamada “dupla moral”. E o que é isso? Socialmente, a pessoa afirma ser monogâmica e por “debaixo dos panos” mantém relacionamentos extraconjugais.
É uma prática muito comum, principalmente, entre os homens. De tempos em tempos, vem um escândalo na mídia tradicional de alguma traição envolvendo famosos.
Aprendemos desde a infância a ver monogamia como único caminho
Podemos perceber que a monogamia é ensinada desde da infância por meio de filmes, desenhos, contos, escola que é uma prática comum para as mulheres. Já para os homens é algo flexível, pois eles podem usufruir da “dupla moral” com uma frase muito comum do patriarcado: “ele é homem, sabe como é!”.
É muito comum ouvirmos comentários do tipo:
- A não-monogamia não é para mim, sou ciumenta e não sei lidar com isso!
- A monogamia não dá certo, você conhece alguma que deu certo?
Talvez a pergunta correta seja: “a monogamia deu certo?” Quantas pessoas vemos que estão potencialmente plenas em suas relações monogâmicas depois de um certo tempo? Não temos estudos científicos que afirmem que a natureza humana seja monogâmica.
Segundo o IBGE, em 2009 a média entre a assinatura do contrato de casamento e do divórcio era de 17,5 anos. Em 2019, diminuiu para 13,8 anos. Vemos o casamento “monogâmico indissolúvel” diminuir com o passar do tempo, um em cada quatro casamentos é solicitado o divórcio, sendo que um dos principais motivos que levam à separação é a infidelidade.
Quantos problemas, sofrimentos esta “traição” leva a inúmeras famílias e crianças? Aliás, leia sobre como é possível aprender com a traição.
Apesar de ser construído uma imagem que a monogamia é algo comum, não temos estudos que comprovem este comportamento como natural. A rotina, a sobrecarga de trabalho que o casamento gera, principalmente para as mulheres, precisam que esta união seja reconfigurada com o passar dos tempos.
Nas décadas anteriores, o que mantinham o casamento era a submissão feminina. A infidelidade era suportada por conta da dependência emocional e/ou econômica. Com a entrada no mercado de trabalho, as mulheres puderam ter mais direitos sociais, o que ainda é muito incipiente, principalmente em relação aos seus direitos reprodutivos.
Atualmente, a proposta da não-monogamia é a possibilidade da relação das pessoas envolvidas ter brechas, respiros fora do relacionamento aprisionador e algumas vezes sufocantes do casal.
Além disso, é a possibilidade de abrir espaço para que as pessoas possam ser afetadas por outros encontros, que não necessariamente levaria a práticas sexuais, mas encontros mais leves, com novas conexões.
Quero lembrar que, segundo o livro Criação do Patriarcado, simultaneamente com a monogamia, surgem as casas de prostituição. Segundo a autora, parece impossível manter a monogamia sem as prostitutas, pois na visão de alguns homens o sexo com elas não seria considerado traição.
E para você, a prostituição é uma forma de sustentar a monogamia ou não?
Danielle Pinheiro, Psicóloga, Mestre em Psicologia (UFF), pioneira, no Brasil, como Terapeuta do Sistema Interno Familiar. Possui mais de 10 anos de experiência clínica nas áreas de compulsões, fobias, ansiedade, dependência química e afetiva.
Saiba mais sobre mim- Contato: danielle.pinheiro@gmail.com