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O Primeiro Setênio

Os seus sete primeiros anos de vida na Terapia Biográfica

Atualizado em

Quando você nasceu, precisava de cuidados e os recebeu de seus pais e das pessoas próximas, que formavam à sua volta uma espécie de ninho de carinho e proteção. Até os sete anos, a criança é bem dependente dos adultos e o que formará sua confiança é a qualidade dos cuidados recebidos nesta fase.

Até os sete anos, a criança é bem dependente dos adultos e o que formará sua confiança é a qualidade dos cuidados recebidos nesta fase.

Aliás, tal característica deve ser formada neste período já que, depois, só é conseguida com muita disciplina e força de vontade.

A autoconfiança também é muito influenciada pelos primeiros passos. Quando uma criança aprende a andar, ela cai e levanta várias vezes. Em muitos momentos, ela se ergue com a ajuda de um adulto, mas o mais importante é que ela saiba que pode levantar quando cair. Se os pais não permitem que ela experimente esse levantar e cair, por medo de que se machuque, ela não desenvolverá a coragem para arriscar na vida. Por outro lado, se ela ganha um andador e sai correndo pela casa, sem fazer o menor esforço, pode desenvolver uma falsa autoconfiança, pois não se baseia nas suas próprias forças. Procure saber como foi que você aprendeu a andar. Isso diz muito sobre como você age na sua vida.

Como você brincava?

A principal atividade de uma criança é brincar. As brincadeiras nessa fase não seguem muitas regras, não são jogos. Algumas crianças gostam mais de liderar, outras seguem mais do que lideram. Algumas gostam de brincar com os brinquedos que ganham, seguindo as suas funções originais, enquanto outras optam por inventar brinquedos muito mais originais com as caixas dos presentes. As regras das brincadeiras nesta fase são inventadas pelas próprias crianças e costumam começar com “finge que?” ou “faz de conta que?”.

Brincando, a criança desenvolve a criatividade e a capacidade de liderança que aplicará no seu trabalho quando for adulta. É isso que permite criar novos negócios, produtos, serviços ou resolver impasses que nascem todos os dias diante de nós quando estamos trabalhando.

A capacidade de liderar, dividir a liderança e convencer seus pares daquilo que você acredita fazem com que o trabalho flua por um novo caminho. Isso pode ser comparado com a época que você decidia as regras do pique com colegas, até onde valia se esconder, até que número quem estava no pique tinha que contar, quem era “café com leite” e quem “brincava à vera”.

Fisicamente, a criança passa por uma reestruturação dos tecidos corporais, substituindo tudo aquilo que foi originado ainda no útero por material biológico próprio. É uma fase de individuação do corpo (o processo de um ser para tornar-se singular, único, distinto de todos os outros). Por isso, é uma fase em que as crises são, na sua maioria, físicas, por meio de doenças, como as sucessivas viroses, resfriados, inflamações de garganta, dermatites e alergias. Essas doenças aceleram o processo de substituição das substâncias e podem-se observar mudanças sutis no seu comportamento e na sua fisionomia.

Contato com o mundo real

O sistema nervoso central e os órgãos dos sentidos estão se desenvolvendo em ritmo muito acelerado, e o sentido do tato tem importância marcante no desenvolvimento emocional da criança. É pelo toque que a criança vivencia o prazer e o desprazer. Receber carinho, ser amamentado, aconchegado no colo, ter contato com a água e com a terra e com animais. São estímulos que vão alimentando a confiança. Por outro lado, as brincadeiras em que não há contato físico, como os jogos ou vídeos no celular e no tablet, vão gerando uma falta de confiança nos outros e em si mesma, que vai se refletir na idade adulta.

Por outro lado, as brincadeiras em que não há contato físico, como os jogos ou vídeos no celular e no tablet, vão gerando uma falta de confiança nos outros e em si mesma, que vai se refletir na idade adulta.

Isso porque a criança precisa experimentar o mundo principalmente com seu tato para desenvolver sua autoconfiança, e o mundo virtual não supre essa necessidade, e rouba a atenção e o tempo da criança, que deveria estar sendo aplicado em brincadeiras. Nessa fase, a criança é aberta ao mundo, e não processa os estímulos externos adequadamente, não tem senso crítico. Esses estímulos virtuais afetam seu desenvolvimento emocional de forma negativa.

A criança necessita de ritmos, como o horário de sono e das refeições, as festas do ano, assim como as brincadeiras com ritmo, com música, ou ser embalado no colo ritmicamente. A vivência dos ritmos propicia uma sensação de segurança, e a criança (e o adulto que ela vai se tornar) pode então expandir-se, expressar suas ideias e sentimentos sem receios.

Alimentos Anímicos

A forma como as pessoas ao seu redor vivenciam o mundo lhe causa uma impressão forte, não só pelo modelo, mas pela influência que podem gerar sobre a sua ideia básica de que o mundo é bom. Pais muito pessimistas podem gerar um medo na criança diante da vida que se estende à fase adulta, com dificuldade para arriscar, para expressar seu mundo interno.

Os três alimentos anímicos para a criança são calor, confiança e amor. Os pais devem ser capazes de criar um ambiente em que esses alimentos estejam presentes para que essa criança possa tornar-se um adulto confiante em si e nos outros, capaz de relacionar-se de forma aberta e criativo.

Marcelo Guerra

Marcelo Guerra

Médico graduado pela UFRJ. Começou a carreira como Psicanalista e depois enveredou pela Homeopatia e Acupuntura. Ministra oficinas e palestras em todo o Brasil e atende em consultório no RJ.

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