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Decoração de quarto com dicas de Feng Shui

Equilibrar energias Yin e Yang no cômodo ajuda a ter boa noite de sono

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Na vida, a busca pelo equilíbrio é constante. E no Feng Shui, técnica chinesa milenar de harmonização de espaços, uma das formas de buscar a harmonia é por meio do equilíbrio entre Yin e Yang – energias opostas que se complementam e que podem ser aplicadas em todos os aspectos da vida e até na decoração da casa. Então, que tal começar pelo quarto de dormir?

Segundo Clady Sonda, consultora de Feng Shui Clássico, o símbolo conhecido como Yin e Yang – no qual uma gota branca se entrelaça a outra preta – tem o nome de Tai Chi Tsun. Estas gotas representam as duas energias complementares do universo. “O Tai Chi Tsun foi criado de uma forma que possamos perceber que uma energia não existe sem a outra, que se completam. Na parte preta (Yin), vemos um ponto branco (Yang) e vice-versa. Um exemplo disso é pensarmos na noite, que é escura e corresponde ao Yin, mas nela encontramos a Lua e as estrelas, que são a luz (Yang). Durante o dia é claro (Yang), mas existem sombras e locais escuros (Yin). Esse símbolo representa também um dia de 24 horas, mostrando que sempre que uma energia chega ao seu máximo, ela se transforma em outra”, explica Clady.

Para Mariangela Pagano, especialista em Feng Shui pela Escola Californiana, a melhor forma de trazer o conceito Yin e Yang para a realidade é compreender que mesmo nas situações mais negativas, há um aspecto positivo. E mesmo quando tudo é favorável, pode haver algum vestígio de negatividade. Ela ainda cita que é importante dosar esses opostos na decoração, por meio dos cinco Elementos do Feng Shui.

“Quando trabalhamos com os opostos complementares Yin e Yang, estamos sempre buscando o equilíbrio. Nós não conseguimos ficar em um lugar claro por muito tempo, por exemplo, nem em um ambiente escuro por um período longo. Por isso dosamos esses opostos, incluindo os cinco Elementos (Fogo, Água, Terra, Madeira e Metal), através das cores e formas de cada um, que equilibram e vitalizam a casa. Mas é importante lembrarmos dos extremos – a Água sacia a sede, mas, em excesso, pode afogar. O Fogo aquece, mas pode queimar. De certa forma, o uso dos Elementos do Feng Shui pode estar associado ao estímulo dos cinco sentidos”, compara a especialista.

Confira diferentes tipos de quartos, com base nas energias Yin e Yang.

Quartos Yin favorecem o descanso, mas podem deixar pessoas mais lentas

A energia Yin é fechada, fria e escura. Por conta disso, sua presença na decoração do quarto favorece o descanso. Para Mariangela Pagano, num quarto de dormir o Yin equivale à presença de um quadro na decoração, que passe uma mensagem mais densa, um tapete ou uma iluminação suave, quase fraca.

“Se a pessoa possui móveis escuros no quarto, pesados e de aparência antiga; se tem um papel de parede de cor mais fechada ou mesmo a parede pintada com cores escuras, pode-se dizer que vive num típico quarto Yin. Outros exemplos são cortinas escuras de veludo ou o próprio espaço, que pode ser pequeno ou ter quadros com imagem de mar revolto, natureza morta etc.. Cores como rosa e azul-marinho podem ser exemplos da energia Yin – o rosa desacelera os batimentos cardíacos e diminui a energia muscular, proporcionando muita tranquilidade. Já o azul-marinho, embora acalme num primeiro momento, pode se tornar um oceano e levar a pessoa para baixo”, detalha a especialista.

Clady Sonda alerta que um quarto Yin não é recomendado para pessoas idosas, por ser um ambiente mais lento. Quem possui tendência à depressão também deve ter certo cuidado com decorações que privilegiam este tipo de energia. “A função do quarto é de descanso, portanto deve ser um espaço mais Yin. Este lugar da casa é mais tranquilo, com cores frias e sóbrias, sem móveis ou objetos que favoreçam o movimento (televisão e mesa de estudo, por exemplo). Entretanto, pode ser ruim para quem está em depressão, pois induz a uma maior introspecção. Pessoas mais idosas têm uma tendência natural à melancolia, então é preciso ter cautela com as cores para que não tornem o ambiente frio demais”, ensina a consultora.

Quartos Yang são amplos e iluminados, mas prejudicam sono

Os chineses têm o costume de dizer que uma pessoa que vive numa casa toda branca por dentro pode adoecer com facilidade, pois há apenas a presença da energia Yang, já que a cor remete à falta de perspectiva na vida. De acordo com Clady Sonda, um quarto Yang naturalmente dificulta o relaxamento, podendo causar alguns sintomas, como insônia, sono agitado e cansaço constante.

Mariangela Pagano reforça a tese e explica que um quarto Yang tradicional é vivo, iluminado e vibrante. “Um quarto com essa energia possui um espaço amplo e repleto de interferências eletromagnéticas – aparelhos eletrônicos, carregador de celular, relógio – que sugerem movimento e, consequentemente, podem atrapalhar o sono. Outras características da energia Yang neste tipo de cômodo são cortinas esvoaçantes e leves, quadro alegre, roupa de cama branca ou luminárias grandes com lâmpada fluorescente. Espelhos e formas pontiagudas também simbolizam o Yang e aceleram nossa energia vital, chamada de Chi. Cores típicas da energia Yang são o branco e o vermelho – este último ativa, inclusive, os batimentos cardíacos”, alerta a especialista.

Como equilibrar Yin e Yang no quarto?

Com a disposição correta dos objetos em um quarto, adequada ao equilíbrio entre os opostos Yin e Yang no Feng Shui, fica mais fácil reverter situações desafiadoras da vida e é possível dar boas-vindas para a prosperidade. Clady Sonda acredita que as energias se complementam e isso deve ser refletido na decoração do quarto.

“Yin e Yang se complementam. Nós não podemos procurar apenas uma qualidade de energia e descartar a outra. No quarto, temos que avaliar a posição dos móveis, principalmente da cama, e sua relação com portas e janelas, a fim de observar de que modo o Chi, que é a energia vital, percorre o ambiente. Ele deve fluir de uma forma tranquila e harmônica, sem encontrar obstáculos nem se dissipar totalmente pelas aberturas. Para isso, é essencial manter o quarto sempre arrumado e a cama feita, liberando o que não é mais usado para abrir espaço a coisas novas”, ensina Clady.

As formas de harmonização podem ser simples, mas fazem muita diferença, como explica Mariangela. “Quando você está em descanso e acende uma luz muito forte para ir ao banheiro, por exemplo, pode ter o seu sono prejudicado pelo resto da noite. Por isso, a iluminação indireta de um abajur pode ser uma alternativa. Se a pessoa dormir em uma cama de casal, mesmo que esteja sozinha, é importante não apenas ter duas luminárias de cada lado, mas acendê-las. Elas até podem ser acesas ao cair da noite, como uma forma de equilibrar Yin e Yang”, sugere.

Ainda segundo Mariangela, embora o espelho seja por si só um objeto Yang, ele pode ser usado na decoração, desde que o equilíbrio com a energia Yin ocorra. A consultora orienta que um espelho manchado ou que corta a imagem refletida na altura da cabeça ou do pescoço não é recomendado. Por outro lado, se o espelho reflete uma imagem como a mesa de jantar, simboliza a cura pela prosperidade, pois duplica os alimentos que estão nesta mesa. Para as mulheres, Mariangela Pagano faz uma indicação especial: “espelhos que refletem a cama, em que o próprio reflexo seja visível, dificultam o relaxamento feminino”.

Não é indicado transformar quarto em escritório

Para quem divide o quarto entre trabalho e descanso, o Feng Shui contraindica qualquer outra atividade neste ambiente, além do relaxamento. “Não sugiro que a pessoa tenha outros tipos de atividade no quarto, como o trabalho. Quando isso é inevitável, devemos manter a organização da mesa, dos papéis e de objetos, para que não causem uma má impressão logo no momento do despertar. As direções da mesa e da cabeceira da cama também são importantes e devem estar adequadas às direções pessoais do morador. Para isso, é necessário um estudo mais profundo do Feng Shui, que pode ser feito por um consultor”, avalia Clady Sonda.

Para Mariangela Pagano, pessoas que têm no trabalho um vício, a ponto de levá-lo para o quarto, dificilmente terão uma noite de sono tranquilo. Mas há opções. “Algumas pessoas não conseguem se desligar do trabalho. Às vezes não é possível, mas eu indico que haja uma separação. O excesso de livros na decoração, com conteúdos mais pesados, impede o relaxamento. E os quartos com mesa de trabalho e pilhas de contas a pagar, em cima? Não é uma mensagem silenciosa de que esta pessoa é exageradamente preocupada? Nesses casos, sugiro colocar estes objetos em outro ambiente ou separá-los de outros que simbolizam o descanso, como a cama, utilizando um biombo ou uma cortina. De qualquer forma, a organização dos documentos e a redução no número de objetos nesta mesa devem ser as maiores possíveis”, orienta a especialista.

E se o vai-e-vem de pessoas é grande na sua casa, Mariangela aconselha que os convidados não andem pelo quarto com sapatos. “Quando entramos num templo, por exemplo, tiramos o sapato por respeito e para evitar a transferência de energia externa, o que recomendo que também deve ser feito em casa. A cama em que a pessoa dorme também deve ser livre de energias de fora, portanto terceiros devem evitar sentar nela. As conversas ocorridas no quarto devem ser leves e tranquilas, caso contrário podem formar uma egrégora negativa – ou seja, uma aura ruim no ambiente, que retrai a nossa energia”, acredita Mariangela.

A casa doente e os reflexos na saúde do morador

Alguns distúrbios de saúde, que muitas vezes são confundidos com estados de humor, têm relação direta com a organização de um ambiente. Segundo Mariangela Pagano, um quarto excessivamente Yin, por exemplo, pode ser o reflexo de alguém que se sente mais introvertido e recolhido, um dos sintomas da depressão. A especialista ensina que nestas situações, normalmente, a pessoa mal abre as cortinas do quarto. Ou pode haver uma porta que não é totalmente aberta, por causa de um obstáculo ou um ruído incômodo, que simboliza o desejo de evitar a presença de terceiros.

Contudo, Clady Sonda faz questão de frisar que um estudo aprofundado é bastante relevante em casos mais específicos. “Para uma indicação correta, deve ser feito um estudo mais abrangente da casa através do Feng Shui e da Geobiologia, para verificar se existe algo provocando esses distúrbios. É a chamada “casa doente”, que afeta todos os seus moradores”, explica.

A arrumação determinada por um consultor de Feng Shui, de todo modo, não é válida por tempo indeterminado. Ambientes devem passar por constantes transformações, inclusive o quarto, de acordo com a pessoa está vivendo no momento.

“Para que a pessoa tenha saúde e bem-estar, não dependerá somente do quarto, mas de todo o seu espaço imediato, ou seja, casa e trabalho, onde normalmente ela passa um período de 8 horas. Uma vez feito um trabalho de harmonização, ele deve ser mantido e ajustado de tempos em tempos, pois o universo está em constante mutação – nada é fixo. À medida que o tempo passa, vamos mudando nossos interesses, a energia da casa também vai se modificando e os ajustes se fazem necessários. Estudiosos do assunto acreditam que 80% das doenças são ocasionadas pelo local onde as pessoas vivem – daí a importância de se fazer um estudo deste ambiente para mantermos a harmonia e a qualidade de vida”, aconselha Clady.

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