Entenda a relação entre compulsão alimentar e fome emocional
A maneira com que lidamos com a comida pode estar ligada com emoções reprimidas
Por Celia Lima
Por que engordamos ou emagrecemos exageradamente? O que está por trás da forma como nos alimentamos? Você já parou para refletir sobre como é a sua relação com a comida? Já ouviu falar sobre fome emocional?
Claro que existem predisposições genéticas que não podem ser ignoradas, como distúrbios hormonais e outras doenças que nos levam a ganhar ou perder peso de forma considerável. Por isso, é importante que toda pessoa que esteja passando por problemas relacionados ao peso procure orientação médica e siga o tratamento indicado.
Mas, ao lado das evidências fisiológicas, também é importante lembrarmos que em grande parte das vezes as nossas emoções podem reger o funcionamento do nosso organismo e o nosso comportamento alimentar. Fatores emocionais e psicológicos podem comandar o formato dos nossos corpos.
Entenda o que é obesidade sob a ótica da metafísica da saúde
A gordura funciona como um tipo de proteção. É uma camada que, de certa forma, envolve” o corpo e “amortece” simbolicamente as agressões externas. O indivíduo sente que precisa se proteger, eventualmente porque viveu episódios que o machucaram.
Um trauma instalado no subconsciente, ou mesmo um evento recente com o qual não soube lidar direito, pode fazer com que, inconscientemente, a pessoa tenha que providenciar um “campo de força” para impedir, bloquear ou amortecer as dores que a vida impõe.
Outro motivo que leva ao ganho de peso, pode estar relacionado a uma profunda sensação de vazio da alma. Solidão, carência, sentir-se pouco importante ou insignificante, leva à busca pelo alimento físico, já que o alimento emocional “está em falta”.
Comer em excesso é uma forma de preencher diversas lacunas afetivas abertas durante a vida.
Em ambos os casos citados como exemplo, entendemos que o aumento de peso está intimamente ligado às fragilidades e às dificuldades em lidar com os eventos da vida. Na fase adulta, isso pode revelar certa imaturidade emocional e um despreparo nos cuidados nas relações afetivas, que podem englobar aspectos sociais, familiares ou profissionais.
Comer é prazeroso e é também um subterfúgio que ameniza as frustrações. Mastigar, por exemplo, pode ser uma forma para aliviar tensões e atenuar o desconforto por não conseguir lidar com a realidade incômoda.
Ao mastigar alimentos duros como amendoim, castanhas ou outros que precisam ser “quebrados” com os dentes, como balas duras, é uma forma de extravasar a raiva represada na musculatura da mandíbula.
Como a fome emocional é desenvolvida?
Muitas mães com dificuldades de doar seu amor, usam a comida para alimentar afetivamente seus filhos, daí crianças (e até bebês) se tornarem obesos. A crença de que a comida supre o afeto acompanha essas pessoas ao longo da vida.
A pessoa obesa precisa se ver no mundo e engordar é uma maneira simbólica de atingir esse objetivo. Assim, ela passa a ocupar seu lugar “à força”, de maneira física, já que não encontrou (ainda) meios para se fazer notar apenas por ela ser quem é.
Da mesma forma que a camada de gordura “protege” das agressões externas, ela também faz com que o indivíduo tenha dificuldade para expressar o que sente e, embora sejam pessoas afetuosas, geralmente, são também carentes.
Não necessariamente a pessoa que passa por um episódio de estresse emocional desenvolverá obesidade, mas é comum que ganhe peso porque o alimento é uma fonte de prazer e está “à mão”. Comer alimentos calóricos fornece ilusoriamente a saciedade emocional ou afetiva que ela não encontra nos eventos de sua vida.
A comida passa a ser a companheira fiel que vai amortecer os desconfortos e distanciar a pessoa dos verdadeiros motivos de sua tristeza, oculta por trás de excesso de atividades, do esforço para ser sempre simpático e querido ou evitando confrontos que possam lembrá-los de sua turbulência interna.
O que é compulsão alimentar?
Toda compulsão é fruto de um grande desconforto emocional e psicológico. Sentir-se descontroladamente compelido a apelar para determinado tipo de comportamento, é uma forma de nublar as dores da vida e não entrar em contato com as agressões que tocaram nossas emoções.
É o caminho mais destrutivo que se escolhe, inconscientemente, para fugir do necessário encontro consigo mesmo.
A compulsão tira o foco do que idealmente deveria estar sendo observado e compreendido para que, com um trabalho multidisciplinar, a pessoa tenha a posse sobre si mesma.
O primeiro passo é reconhecer qual é o “objeto de consumo”, sejam drogas (álcool e todas as outras), jogos, sexo, compras, celular, redes sociais ou a comida. O compulsivo acorda e dorme esperando pelo momento de satisfazer o que já se tornou um vício.
Tipos de compulsão alimentar
Bulimia
No caso da compulsão alimentar, a bulimia é sua mais dramática expressão. É caracterizada por episódios incontroláveis de ingestão de uma grande quantidade de comida e, sentindo-se culpada e inadequada, não desejando engordar e temendo ser “descoberta”, a pessoa força o vômito. Mais tarde, o episódio se repete: a pessoa volta a comer e a vomitar e, outras vezes, pode recorrer também aos laxantes, mas não abandonada comida.
Anorexia
A anorexia ou anorexia nervosa está intimamente ligada à obsessão em perder peso. O anoréxico, ao contrário do bulímico, não quer comer. Tem uma visão distorcida a respeito do próprio corpo e acredita que sempre está acima do peso. Mesmo que a balança ou o espelho digam o contrário.
Por conta do transtorno, acabam se submetendo a rotinas extenuantes de exercícios físicos e à prática de jejum, comprometendo gravemente a saúde.
Apesar de serem doenças diferentes, ambas se caracterizam por distúrbios do apetite, e não raro, o anoréxico já flertou com a obesidade em algum momento da vida.
Ambos os transtornos precisam de intervenção médica e psiquiátrica, já que depressão ou ansiedade podem ser as causas ou as consequências dos distúrbios.
Paralelamente, é fundamental que um acompanhamento terapêutico seja também procurado e a utilização de ferramentas de apoio como florais, aromaterapia e acupuntura sejam utilizadas por profissionais especializados na área.
A essência floral mais gentil e adequada para casos em que compulsões, sejam elas alimentares ou não, é a Agrimony. Como descreve Mechthild Scheffer em “Terapia Floral do Dr. Bach”:
“As pessoas que necessitam de Agrimony estão interiormente perturbadas por ansiedades e medos (…), não querem perceber, nem mostrar o que vai por baixo da superfície. (….) Existe um estado crônico de guerra entre os dois níveis. (…)”. A utilização dessa essência ajudará a pessoa a ganhar “força interior e estabilidade suficiente para enfrentar melhor os problemas de todos os dias. As experiências negativas já não precisam ser suprimidas, mas podem ser integradas na consciência.”
Realmente, a consciência de nosso estado emocional é a chave que abre os caminhos para buscar ajuda no combate aos transtornos alimentares. Cada um tem sua história particular, os motivos que desembocam nas dificuldades em se relacionar de forma saudável com o alimento são diferentes para cada indivíduo.
Uma ação multidisciplinar que envolve médicos, psicoterapeutas, nutricionistas e outras terapias de apoio, é fundamental para resgatar o equilíbrio, tanto da saúde física como da saúde emocional.
Psicoterapeuta holística com abordagem junguiana há mais de 30 anos e pós graduanda em Psicologia da Saúde e Hospitalar pela PUC-PR. Utiliza os florais, entre outras ferramentas como método de apoio ao processo terapêutico, como vivências xamânicas, buscando um pilar metafísico para uma compreensão mais ampla da vida, da saúde física e emocional.
Saiba mais sobre mim- Contato: celiacalima@gmail.com