Kemet: como praticar conhecimentos ancestrais africanos nas refeições
Para a filosofia africana Kemet, é preciso estar atento à alimentação para uma vida saudável. Veja um passo a passo para garantir mais equilíbrio no prato
Por Ana Sou
Você já ouviu falar do Kemet? Trata-se de uma corrente filosófica originária da região que hoje conhecemos como Egito. O chamado Kemetismo apresenta um conjunto práticas e conhecimentos ancestrais africanos para uma vida com mais equilíbrio físico, mental e emocional.
Essa antiga civilização desenvolveu complexas tecnologias e pesquisas para a manutenção da saúde do corpo. Eles entendiam que dois princípios devem caminhar juntos, o Tehuti e o Ma´at, que têm profundos significados – aqui, simplifico como as energias de autoconhecimento e equilíbrio.
A seguir, entenda melhor cada uma delas e saiba como essas práticas podem fazer diferença na sua vida.
Como aplicar os conhecimentos ancestrais africanos do Kemet em seu dia a dia
Um dos conceitos do Tehuiti, que era um sesh – escriba de profundo conhecimento –,
Somos um com a natureza, aponta um dos principais conceitos do Tehuiti, que era um sesh – escriba de profundo conhecimento. Para ele, as mesmas forças que a macro natureza tem, a micro natureza dos nossos corpos também possui. É por isso que os alimentos que dão mais vida são os de origem natural, pois fazem regenerar as perdas diárias a partir daquilo que originalmente nos constitui.
Honrar e conhecer os alimentos é uma prática fundamental para cultivar o autorrespeito e o respeito à grande natureza. Para ajudar você a colocar essas ideias em práticas, compartilho um passo a passo para experimentar na sua próxima refeição. Seguindo essas atitudes, você poderá iniciar seu processo de maior consciência e domínio da saúde.
1. Antes de comer, reflita se aquele alimento é saudável e vai trazer mais vida a você
Como somos parte da natureza, devemos manter essa integração para a saúde. O seu prato tem elementos naturais ou somente industrializados? Lembre-se também que manter a estrutura original (ou seja, a versão crua) traz mais potência nutricional.
2. Faça mentalmente o caminho que aquele alimento percorreu até chegar ao seu prato
Com o acesso fácil a supermercados, o acesso à comida tornou-se instantâneo. Perdemos a dimensão do tempo natural da produção das frutas e folhas, que, por vezes, demoram meses para estarem prontas para consumo. Se não percebemos isso, não damos o valor real a aquilo que comemos.
3. Entenda se você sabe o poder que aquele alimento está oferecendo
Você sabe qual parte do seu corpo esse alimento ajuda a regenerar ou manter? Aris Latham, referência atual em alimentação natural africana, aponta que o alimento é a nossa medicina. Assim, essa é a única forma de automedicação segura que vale a pena aprofundar conhecimento. Se for necessário, faça um pesquisa na internet e descubra o poder que o alimento vai te oferecer.
4. Sinta (de verdade) todo o sabor do você come
O sentir é base de decisão e guiamento para os povos de África. Por isso, ao alimentar-se, use ao máximo os seus órgãos do sentido. Perceba o alimento com os olhos, suas cores e brilho, reconhecendo se está na melhor fase para consumo. Sinta o cheio para ativar suas papilas gustativas e processos digestivos. Ao ingerir, observe se a mastigação traz som e escute. Usando o paladar, além do sabor, dê atenção às texturas e temperatura, consumindo devagar. Tudo isso diz muito sobre a utilidade do alimento e faz você criar uma relação de mais valor.
5- Antes ou após terminar, faça uma rápida prática de Kemetic Yoga
Essa prática pode ajudar a digerir melhor o que você come. Por isso, a recomendação é fazer de 5 a 10 respirações do Kemetic Yoga — longas inspirações pelo nariz e expirações pela boca, com pausas de alguns segundos entre elas.
Pausas após a inspiração ajudam o organismo a absorver oxigênio, que é essencial para que as moléculas alimentares sequebrem em energia durante a digestão. Longas expirações permitem maior limpeza do organismo, expelindo toxinas que, por vezes, nossa respiração do dia a dia não permite.
Kemet e o valor da natureza
Os conhecimentos ancestrais africanos do Kemet valem como rituais de honra e respeito às forças maiores que nos mantem vivos. Morando nos centros urbanos, por vezes, não percebemos que a natureza oferece o que precisamos para nos nutrir completamente.
Você já percebeu que a única ação que precisamos fazer para sempre ter o que precisamos é honrar seu ciclo, replantando as sementes, raízes e aguardar a mágica acontecer? Fica a reflexão.
Conheça alguns caminhos para transformar a sua relação com a alimentação e seguir por um caminho de autocuidado e saúde aqui.
Faz parte da primeira geração de instrutores de Kemetic Yoga certificados no Brasil. Na yoga de base indiana, está em formação em Yin Yang Vinyasa (Edson Ramos) e Hatha Yoga (Arte de Viver). Também tem formação em Yoga Massagem Ayurvédica (Pune – Índia); e terapia de respiração Rebirthing (Renascimento).
Saiba mais sobre mim- Contato: anasounatural@gmail.com