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Ausência materna: como lidar?

Embora seja difícil, é possível encarar a ausência materna e ir ao encontro do nosso próprio resgate

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A ausência materna sendo ela por morte ou não, deixa marcas, pois mexe com o sentimento de não ter por perto a pessoa mais importante da sua história. Afinal, a vida veio através da mãe e a ausência dela gera medos, inseguranças, carências, além de outras dificuldades na vida pessoal e profissional. 

Mas será que há uma saída para lidar com a ausência materna? Como conviver com essa sensação de abandono? Será que ela é mesmo real?

Entenda como um olhar mais sistêmico pode lhe auxiliar a compreender e lidar com essa sensação e te liberar para um caminho mais leve diante da vida.

Ausência Materna: a importância da mãe na vida de cada um

Os pais que não se ofendam, mas é fato que a mãe é a primeira pessoa mais importante da nossa existência. Porém, para gerar a vida, é preciso do homem e da mulher, então o pai entra com 50% da função essencial. 

No entanto, apenas a mãe é suficiente para que esta vida se mantenha nos meses iniciais. Ela gera e dá a nutrição essencial nos primeiros meses de vida e, por isso, os bebês precisam tanto das mamães. 

Se por qualquer razão esta mãe se ausentar fisicamente, a criança sentirá sua falta. Mesmo que suas necessidades sejam preenchidas, e que ela seja muito amada, a ausência materna será sentida e, certamente, levada para a vida adulta.

É na relação com a mãe que primariamente aprendemos a nos relacionar com os outros. O quanto essa relação transmite confiança e segurança é a medida que iremos também nos sentir seguros para confiar nos outros. Não é o único fator, mas é de grande relevância.

Até mesmo a relação com o trabalho passa pelo vínculo com a mãe. Pelas mesmas razões anteriores, se nos sentimos validados e reconhecidos pela mamãe, certamente faremos escolhas profissionais mais conectadas com a nossa essência e estaremos mais abertos a servir a vida e permitir que o fluxo de abundância ocorra naturalmente.

Presença física não significa entrega

Embora a mãe seja a pessoa mais importante para o nosso desenvolvimento, isso não lhe tira a imperfeição. Antes de ser mãe, ela é uma mulher comum que também é filha. A mãe carrega uma história pregressa ao nascimento dos filhos e ela leva isso junto em suas relações de família. 

Assim, pode ser que a mãe não consiga estar disponível para os filhos. Ela está presente, mas geralmente há uma queixa de que ela não age como uma mãe deveria, e talvez até nem ame da forma ideal.

De fato, há muitos fatores pelos quais uma mãe pode se ausentar, como alguma doença que a incapacite física ou emocionalmente. Pode ser ainda que ela esteja muito emaranhada em sua família de origem e ainda ligada a parceiros anteriores, o que impede a sua real presença e cuidado com o filho.  

Mas seja qual for a razão para os filhos, nada justifica, pois certamente a criança vai sentir os efeitos do que se passa com sua mamãe. Porém, o problema torna-se interminável quando o adulto ainda têm exigências com sua mãe. E logo veremos os efeitos desta postura.

Ausência materna por morte

Chegamos à ausência que parece inevitável. A morte é o fim da vida, então, a ausência materna passa a ser uma constante. Mesmo sabendo que a morte é o curso natural do ciclo de vida ela ainda é temida e mal falada

Até para se referir à morte é comum as pessoas usarem o “perdi” minha mãe. Como se o fato dela ter morrido é responsabilidade nossa. O termo morte me parece bem menos cruel neste caso, mas dizer “minha mãe morreu” parece muito definitivo para alguns.

Vou comentar uma experiência pessoal: minha mãe faleceu em 2010. Ela me viu casar, mas não esteve presente fisicamente no nascimento de minhas filhas. Por algum tempo, vivi a ausência materna. 

Com isso, sentia os efeitos desta postura na minha vida pessoal, familiar e profissional. Conflitos desnecessários com minha filha ocorriam e não conseguia alavancar minha carreira. Só consegui me encher de sua presença quando ajustei minha postura interna com a ajuda da filosofia sistêmica e da constelação familiar. Aí sim, a vida começou a fluir em todas as áreas.

O peso interminável de permanecer com a ausência

São inúmeros os efeitos de permanecer na ausência. Se você está conectada com a ausência materna, fica conectada com a morte. Você se retira da vida sem perceber. Pode evitar relacionamentos ou boicotar os que já existem. 

Cada vez que alguém sai da sua vida é um sofrimento interminável e desproporcional. Deixa de confiar nas pessoas, pois tem medo que elas te deixem também. O trabalho e outras coisas importantes para sua vida podem perder o sentido. 

Desta forma, essa postura voltada para o menos pode gerar perda de dinheiro ou até mesmo danos à saúde. Fora que outras pessoas ainda podem sentir o efeito junto, pois você pode se afastar emocionalmente do cônjuge ou dos filhos, ou eles de você. 

Além disso, seus filhos podem começar a apresentar sintomas de ordem física ou emocional como forma de manter você na vida.

Como seguir em frente?

Para seguir em frente, é preciso colocar algumas coisas no lugar. Em caso de ausência materna por morte, o luto precisa ser vivido. Não adianta evitar a dor, pois certamente pode gerar mais sofrimento e até traumas que ficam no corpo. 

Sendo assim, se permita sentir a dor com consciência e, junto com ela, outros sentimentos que vão surgir como raiva e tristeza. Deixar que as crianças participem do processo é essencial.

Aos poucos, procure lembrar do que foi vivido juntos. Mesmo que ainda gere tristeza, parar de falar sobre o assunto como se a morte fosse um tabu é excluir a mãe do seu sistema. Os mortos querem ser lembrados, mas também deixados em paz.

Lembrar não é lamentar. É saber que a mãe cumpriu seu papel e completou seu destino do jeito que foi possível. Ao olhar no espelho, você a enxerga atrás de seus olhos e continua viva e presente dentro de você. 

E ela se alegra se você seguir em frente e honrá-la, fazendo de sua vida algo bom. Que legado você está deixando? É nele que a sua mãe vai se perpetuar, assim como você futuramente.

Não importa como foi essa mãe, se foi boa ou ruim. Esses rótulos só servem como pesos que nos impedem de caminhar. Ela foi suficiente e isso basta para você fazer o melhor que puder com a vida que lhe foi dada. 

Ela pode não estar ao seu lado fisicamente, mas a presença dela é inevitável em tudo que você é e faz. Então, o que lhe resta é cuidar bem da filha ou filho dela, Você!

Gostou de ler a respeito do tema ausência materna? Se esse artigo foi útil pra você, aproveite para compartilhar e ajudar mais pessoas que sofrem com a falta da mãe. 

Continue com a gente e aproveite para saber mais sobre relações familiares

Maria Cristina

Maria Cristina

É psicóloga sistêmica. Atua com traumas pela abordagem Somatic Experience® além de abordar outras questões de relações interpessoais, autoestima e postura diante da vida. Atende online e presencialmente na cidade de Belo Horizonte.

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