É possível resgatar uma relação infeliz?
Reflita se é hora de salvar ou terminar seu relacionamento
Por Bruna Rafaele
No mundo em que vivemos, ainda é muito normal encontrar pessoas apegadas ao passado e sem ânimo para mudar a sua vida afetiva. Com isso, vivem acorrentadas a um relacionamento, com medo de se arrepender ao dar um ponto final, pelo fato de não terem certeza de que vão encontrar alguém melhor no futuro. Mas será que isso vale a pena? Será que é preciso ficar infeliz para sempre do lado de alguém só para manter o estado civil?
Há, ainda, aquelas pessoas que preferem acreditar na instituição “casamento” como um porto seguro, mas buscam o prazer carnal em relacionamentos extraconjugais, sem se soltarem do parceiro com quem casaram. Comportamentos desse tipo só demonstram o quanto há vários relacionamentos longos e infelizes na sociedade e como as pessoas não têm coragem de encarar o fato principal: elas não vivem felizes e ainda trazem para o relacionamento muita frustração e maiores desgastes.
Quem tem filho e passa por essa situação, costuma justificar esse tipo de comportamento com argumentos relacionados aos possíveis traumas que as crianças podem sofrer com a separação dos pais. Outra maneira de se sentir preso a esse tipo de relação ocorre quando as pessoas escolhem manter um relacionamento falido por medo de perder o conforto e a estabilidade financeira que conseguiram conquistar com o parceiro. Nesses casos, reflita: vale a pena viver do lado de alguém só por esses motivos? E onde fica o amor pelo outro e também o seu amor próprio?
Um fator que costuma unir as pessoas é a crença de que será possível contar com o outro até a velhice. Mas até que esse momento chegue, será que não há tempo suficiente para você cuidar de si mesmo? Não é justo usar o outro como uma bengala. Outro ponto importante para quem tem filhos: será mesmo que as crianças não vão sofrer mais ao perceberem que entre seus pais não há amor e sim outros fatores que os prendem e os fazem manter a relação?
Abrindo mão do passado
Imagine quanto mal as pessoas causam para si próprias quando vivem uma relação com alto nível de toxidade. Afinal, se não há amor, amizade e companheirismo, o que mais pode existir entre um casal?
Não seria melhor se houvesse mais desapego de ideias, de medos e de carências para escolhermos o nosso parceiro por toda uma vida?
Se soltar do passado é abrir mão de algo bom que passou. Mas acima de tudo é preciso viver no presente a liberdade de ser feliz, longe de prisões que não trazem mais benefícios do que a paz interior. Saber que você faz o melhor para ser feliz é ter certeza de que nada pode ocupar o lugar de um amor verdadeiro, puro e cheio de harmonia entre os pares. Então, por que você ainda teima em se amordaçar e em se fazer mal, ao invés de se abrir para o novo?
Se você tem dúvidas sobre o que se passa com você, se realmente seu relacionamento está por um fio sustentado apenas por valores externos ao amor, pergunte-se:
- Existe a possibilidade de você enxergar um futuro melhor entre vocês dois?
- Você está nesse relacionamento por amor a si mesmo e ao outro, ou só porque não acha que é capaz de ser amado por uma nova pessoa?
- Você acha que faz mais mal a si mesmo mantendo essa relação sem amor do que se estivesse disposto a encarar a realidade?
- E o outro, você acha que ele merece ter um relacionamento melhor do que vocês hoje podem se oferecer?
- Você sente que está prendendo alguém a você por causa dos seus caprichos?
Se alguma de suas respostas foi positiva, reflita mais sobre o assunto e descubra se vale realmente a pena fechar esse ciclo e iniciar uma nova vida. A resposta está dentro de você.
Psicanalista, especialista em Saúde Mental. Faz atendimentos presenciais no Rio de Janeiro e consultas online no Personare.
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